Obesidade e sobrepeso podem influenciar negativamente a saúde reprodutiva de homens e mulheres

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, cerca de 15% dos casais têm algum problema de infertilidade. Esse quadro fica mais evidente quando a gravidez não ocorre mesmo após relações sexuais frequentes e sem o uso de nenhum método contraceptivo por 12 meses. Apesar de a infertilidade ter diversas causas, a obesidade é a que requer atenção tanto em homens quanto em mulheres, pois seu tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar.

A obesidade é uma doença que, segundo dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acomete 17,4% das mulheres e 16,4% dos homens. De acordo com o Dr. Luiz Augusto Batista, médico especialista em Reprodução Humana, ela ainda traz consigo problemas adicionais  como pressão alta, diabetes, doenças do coração, apneia do sono, problemas respiratórios, alterações articulares, disfunção sexual, depressão, câncer e risco aumentado de morte.

Segundo o médico, o principal obstáculo encontrado pelas mulheres com excesso de peso que planejam a gravidez é a ausência de ovulação, embora a infertilidade em mulheres obesas possa ocorrer mesmo naquelas que ovulam normalmente. “Na maioria das vezes, essas mulheres ficam períodos longos sem menstruar ou com irregularidade menstrual associada a outros sinais, como acne, pelos em excesso no corpo, queda de cabelo, alterações do metabolismo com tendência ao diabetes, ovários policísticos na ultrassonografia, entre outros”, explica.

O Dr. Luiz Augusto também assegura que, por outro lado, há quem não enfrente nenhum problema nesse sentido. “Vale lembrar que parte das mulheres com obesidade não terá problemas para engravidar, e a gestação pode ocorrer nos primeiros meses de tentativa”, acrescenta.

Na visão do especialista, modificar o estilo de vida a fim de perder peso e planejar a gravidez são os principais tratamentos que mulheres obesas precisam fazer para engravidar. Isso porque a  obesidade no período fértil, além de ser uma possível causa de infertilidade, pode gerar problemas futuros na gravidez como abortos, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e a prematuridade – neste caso afetando, também, o bebê.

Além disso, outro risco que prejudica o recém-nascido é a maior probabilidade de nascimento com mais de 4kg de peso corporal e grande para a idade gestacional. “O que nos faz concluir que a obesidade da mãe afeta de imediato a saúde do recém-nascido logo no momento do nascimento”, explica.

OBESIDADE NOS HOMENS

“Hoje, estima-se que um em cada 20 homens apresente algum problema de infertilidade. O peso interfere diretamente na produção de espermatozoides e na qualidade do esperma, pois altera os níveis de hormônio e provoca menor produção de testosterona, que pode causar perda da libido e dificuldade de ereção, além do aumento do estradiol”, alerta o especialista.

Ele chama a atenção, ainda, para o fato de que quanto maior o sobrepeso ou obesidade, menor é a qualidade do esperma. “Comparada à de um homem saudável, a concentração de espermatozoides em um com sobrepeso é cerca de 10% menor, podendo chegar a 20% em homens obesos. Além da quantidade, a mobilidade dos espermatozoides também é inferior”, frisa.

O médico  ainda ressalta que a obesidade em homens em idade reprodutiva quase triplicou nos últimos 30 anos e coincide com um aumento na infertilidade masculina em todo o mundo. “Há, agora, evidências emergentes de que a obesidade dos homens causa um impacto negativo no potencial reprodutivo masculino”, analisa.

RECOMENDAÇÕES

Segundo um grupo de trabalho multiprofissional convocado pelo National Collaborating Centre for Women’s and Children’s Health, as mulheres com IMC superior a 29 Kg/m2 devem ser informadas que levarão mais tempo para conseguirem engravidar. Se permanecerem nestas condições e ainda não ovularam, devem ser informadas de que perder peso aumentará a probabilidade de voltar a ovular e engravidar.

No que diz respeito aos homens, estes também devem ser alertados de que é provável que podem ter sua fertilidade reduzida em IMC superiores a 30.

Quando houver indicação de Fertilização in Vitro, as mulheres devem ser informadas que o IMC deve estar idealmente no intervalo entre 19-30 Kg/m2 previamente aos tratamentos, uma vez que valores fora deste intervalo podem reduzir o sucesso dos procedimentos, além de aumentar o risco da gestação.

Fonte: Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida